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Abertura do 12º Fliaraxá traz cortejo de congado e palestra sobre fome ancestral

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Abertura do 12º Fliaraxá traz cortejo de congado e palestra sobre fome ancestral

Primeira mesa de debates reuniu os escritores Hugo Monteiro Ferreira, Trudruá Dorrico e Estevão Ribeiro; programação segue até domingo, dia 23 Na noite do dia 19 de junho de 2024, a décima segunda edição do Festival Literário Internacional de Araxá – o Fliaraxá – foi iniciada com uma cerimônia imponente. Após o tradicional corte de fita, simbolizando a abertura de portas (neste caso, do pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto), o congado Moçambique Rainha realizou um cortejo envolvente. Com danças homenageando santos do catolicismo a partir das tradições de religiões de matrizes africanas, a performance religiosamente sincrética deu as boas vindas ao público araxaense, que foi conduzido do pórtico de entrada do Festival até o Auditório 2, onde Afonso Borges, Sérgio Abranches e Tom Farias, curadores das programações nacional e internacional do Fliaraxá, falaram a respeito do evento. Afonso Borges é, além de curador, o idealizador do Fliaraxá, e há 12 anos realiza o Festival na cidade mineira. Na ocasião, celebrou a oportunidade de trazer, mais uma vez, os encontros da literatura a Araxá. Complementando a fala de Borges, Sérgio Abranches complementou que esta é a edição mais igualitária da história do Fliaraxá: a programação conta com números iguais de autores no que tange às diferenças de gênero e raça. Tom Farias, por sua vez, celebrou a performance do congado Moçambique Rainha e em seguida abriu espaço para que a primeira roda de conversa do 12.º Fliaraxá fosse iniciada. Corte de fita foi realizado por crianças presentes para a cerimônia de abertura @bleia Subiram, então, ao palco, Hugo Monteiro Ferreira, especialista em Neuropsicologia e em Psicologia Cognitivo-Comportamental e pesquisador na área de saúde mental de crianças, adolescentes e jovens, Trudruá Dorrico, escritora, artista, palestrante e pesquisadora de literatura indígena, e Estevão Ribeiro, escritor, jornalista gráfico, roteirista de histórias em quadrinhos e audiovisual. Juntos, falaram sobre a temática da “fome ancestral” – cada um conforme suas próprias vivências. Esse tema foi elaborado por Estevão, que o apresenta em seus trabalhos. A questão da fome ancestral diz respeito a uma herança de injustiças sociais que se perpetua por gerações, tendo origens históricas – cada uma de acordo com o seu recorte. Trudruá Dorrico falou sobre como a literatura indígena foi responsável por saciar sua fome identitária, Estevão Ribeiro sobre como suas conquistas econômicas o permitiram consumir alimentos que não tinha condições de comprar quando era criança e Hugo sobre como sua tristeza inexplicável da infância o deu o alimento necessário para atuar profissionalmente nos dias atuais. Esses pontos levantados giraram em torno da valorização das crianças e dos jovens, considerando que cada um dispõe de suas próprias experiências, que acarretam em diferentes construções de mundo. Além disso, o debate em torno da fome ancestral reforçou um dos pontos defendidos pela identidade do Fliaraxá, representada na mostra “Retorno”, do artista gráfico Gia Tristão. A exposição apresenta os símbolos do Adinkra, ideogramas referentes a elementos da natureza e, portanto, símbolos carregados de significado – incluindo o mais conhecido, o Sankofa, que representa a força da memória e da ancestralidade, reforçando a questão patrimonial, tão exaltada no Fliaraxá. Quanto a isso, Trudruá afirma que, mesmo vilipendiadas, recortadas e alteradas, as literaturas de origem ainda carregam em si suas essências, suas raízes e suas ancestralidades. Congado Moçambique Rainha fez o cortejo que levou o público do 12.º Fliaraxá do pórtico de entrada até o Auditório 2 @alnereis A partir dessa fala de Trudruá Dorrico, Hugo Monteiro Ferreira complementou que as histórias da infância e da adolescência são, muitas vezes, silenciadas, e que suas experiências não são ouvidas. Tendo vivido, o próprio autor, a angústia em sua juventude, seu trabalho é, como descreve, “uma tentativa constante de proteger crianças e adolescentes do que viveu”, e ainda complementa que escreve “para não morrer”. Finalizando sua fala, Hugo reforçou um pedido que fez repetidas vezes: que a sociedade escute atentamente o que crianças e adolescentes têm a dizer. Por se tratar de um assunto delicado, Estevão Ribeiro teve a sensibilidade de espairecer a plateia antes que a palestra se encerrasse. Após uma pequena parlenda comandada por Hugo, Estevão performou Madalena do Jucu, canção de Martinho da Vila, no reco-reco, enquanto Tino Freitas, autor da programação do 12.º Fliaraxá, tocou, da plateia, uma pandeirola. O público acompanhou, cantando, a finalização de uma mesa que foi prenunciada, também, por uma performance. Os escritores Hugo Monteiro Ferreira, Trudruá Dorrico e Estevão Ribeiro comandaram a primeira palestra do 12.º Fliaraxá @alnereis Sobre o Fliaraxá A CBMM apresenta, há 12 anos, o Festival Literário Internacional de Araxá, um festival literário com atividades acessíveis, inclusivas, antirracistas, éticas, educativas e em equilíbrio com a diversidade, economia criativa, raça, gênero e pessoas com deficiência. Toda a programação é gratuita, garantindo a democratização do acesso. O Fliaraxá conta, também, com o patrocínio do Itaú, da Cemig e do Bem Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Participam, na qualidade de apoio cultural, a Prefeitura de Araxá, a Fundação Cultural Calmon Barreto, a TV Integração, a Embaixada Francesa no Brasil, o Institut Français e a Academia Araxaense de Letras. Todas as atividades do Festival são gratuitas, com a curadoria nacional de Afonso Borges, Tom Farias, Sérgio Abranches e curadoria local de Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinícius Santos da Silva.

Publicada por: RBSYS

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