Homem é preso ao invadir apartamento de vizinha por quase 1 ano para furtar calcinhas
A advogada que teve o apartamento invadido diversas vezes pelo vizinho em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, desenvolveu um plano para flagrar a invasão.
Após desconfiar que alguém entrava em sua casa, Geovana Correa, de 26 anos, descobriu as entradas indevidas ao fotografar o imóvel antes de sair para trabalhar e comparar as imagens com o que encontrava ao retornar. Ela também acompanhou uma das invasões em tempo real, do escritório.
O g1 mostra detalhes das invasões e o planejamento feito pela advogada até conseguir registrar o crime.
O vídeo acima mostra o momento da invasão, porém a versão a qual a reportagem teve acesso está borrada e não mostra o rosto do homem.
O nome do suspeito não foi informado pelas polícias Civil e Militar e por isso não foi possível identificar a defesa dele.
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Câmera escondida encontrada durante faxina
Segundo Geovana, em março de 2025, ela encontrou uma câmera escondida dentro de casa durante uma faxina. Assustada, ela registrou um boletim de ocorrência.
"Fiquei desesperada e chamei a polícia. A grande questão é que esse câmera precisava de conexão com o wi-fi para transmitir ao vivo para o receptor. Isso deixou claro para mim que era alguém que morava perto para receber a transmissão via internet, porque ninguém no condomínio tem a senha do meu wi-fi", disse a advogada.
A vítima não desconfiava de ninguém. A investigação, porém, não avançou devido à falta de suspeitos.
Antes de encontrar a câmera, Geovana notou o desaparecimento de alguns itens e de dinheiro.
"Achei que tinha perdido, porque eram coisas pequenas. Eram coisas que você só sente falta quando precisa, como por exemplo, um pen drive que guardava coisas de trabalho".
Para evitar nova invasão, ela trocou as fechaduras do apartamento.
Coisas fora do lugar
Após meses sem notar nada diferente ou sentiu a falta de algo, no início de novembro percebeu que quando voltava do trabalho, algumas coisas não estavam como ela havia deixado.
"Dei falta de outro pen drive. Itens pessoais, tipo perfume e cremes, não estavam onde deixei. Percebi que duas calcinhas que estavam no cesto de roupa suja não estavam mais lá e eu tinha certeza que tinha colocado para lavar", contou Geovana.
A advogada também sentiu a falta de um token usado para acessar os sistemas usados por ela no trabalho.
"Fiquei desesperada, porque ele é uma ferramenta de trabalho. Mandei mensagem para várias pessoas para saber se tinha esquecido na casa de alguém, mas não achei. Comecei a me questionar se eu não estava ficando doida de alguma forma. Como eu estava esquecendo as minhas coisas? Como eu estava perdendo elas? Achei que estava com algum transtorno mental".
???? Token é um dispositivo eletrônico gerador de senhas, geralmente sem conexão física com o computador.
Fotos para comparação
Na segunda-feira (3), Geovana tirou fotos de gavetas e armários antes de sair para o trabalho para comparar quando retornasse.
"Tirei foto de tudo. Abri a gaveta, tirei foto. Tirei foto do meu guarda-roupa. Quando voltei, comparei a foto com o que estava ali na minha frente e percebi que algumas coisas não estavam no mesmo lugar".
A primeira imagem mostra como Geovana deixou a gaveta e a segunda como ela estava quando a advogada retornou.
Arquivo pessoal
Câmeras para flagrar a invasão
Com a certeza que alguém entrava no apartamento enquanto estava no trabalho, Geovana comprou duas câmeras para flagrar o momento da invasão.
"Quando percebi que não estava ficando louca, comprei as câmeras no mesmo dia e chegaram na tarde do dia seguinte. Instalei uma no meu quarto e uma na sala".
Já desconfiando que o invasor era o vizinho e apesar do medo, Geovana contou que dormiu em casa para evitar que ele desconfiasse que ela sabia de algo.
"No dia seguinte fui trabalhar e até conversei com ele na saída. Estava aterrorizada, mas não podia deixar ele perceber que eu desconfiava de algo. Eu precisava que ele entrasse novamente para eu ter a prova", afirmou Geovana.
No escritório, a advogada acompanhou a transmissão das câmeras enquanto trabalhava. Por volta de 16h15 de quinta-feira (6), ela viu a invasão em tempo real.
"Ele entrou e foi direto para o meu quarto, onde acendeu a luz e estendeu a mão para abrir o guarda-roupa. Ao mesmo tempo, ele olhou para uma estante com livros, onde eu instalei a câmera. Quando viu a câmera, ele correu".
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Reprodução/Patos Hoje
Prisão em flagrante
Ainda segundo ela, o momento foi seguido de tensão e começou a tremer.
"Eu tinha medo dessa confirmação. Não queria acreditar que eu estava passando por aquilo, que eu não tinha tranquilidade na minha própria casa".
Com a prova de que o vizinho estava invadindo seu apartamento, Geovana acionou a Polícia Militar (PM) e foi para o condomínio acompanhada das sócias. No prédio, os militares conversaram com o homem de 27 anos, que confessou que entrava no apartamento.
Segundo Geovana, ele ainda pediu para conversar com ela em particular. A advogada pediu para que devolvesse as coisas dela.
"Ele entrou no apartamento dele e retornou com uma sacola. Nela estavam duas calcinhas minhas, meus pen drives e tokens que uso para o trabalho", contou.
Em seguida, o homem foi preso em flagrante por furto e perseguição (stalking) e levado para a Polícia Civil. Na sexta-feira (7), ele teve a prisão temporária convertida em prisão preventiva. Ele está no presídio de Patos de Minas.
Medo
Geovana disse, ainda, que está com medo e pretende se mudar do apartamento.
"Nunca mais eu vou ser a mesma pessoa. Estou com vício em olhar as câmeras, fico olhando elas o tempo inteiro, quando estou em casa ou fora. Qualquer alerta na câmera me deixa extremamente assustada", finalizou.
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Investigação
Ainda durante a abordagem no condomínio, a Polícia Militar constatou que a chave do apartamento do homem abria a chave do apartamento da vítima. A Polícia Civil investiga o caso.
Segundo a delegada Tatiana Carvalho, da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), uma das linhas de investigação é que o suspeito tenha se aproveitado de um descuido da vítima, que teria esquecido a chave na fechadura do lado de fora da porta em um momento anterior.
O suspeito ficou em silêncio durante o depoimento. A delegada informou ainda que as provas serão analisadas para verificar se a chave usada era a original da vítima ou uma cópia.
O nome do suspeito não foi divulgado pelas autoridades, por isso o g1 não conseguiu contato com a defesa.
Suspeito tem passagens pela polícia
Ainda durante a prisão, os policiais encontraram um celular sob o sofá exibindo um vídeo de sexo explícito com possível envolvimento de uma criança. Ao ser questionado, o suspeito bloqueou o aparelho e não quis comentar o conteúdo. O celular foi apreendido e será periciado.
A Polícia Civil informou que o homem já tem antecedentes criminais, mas não detalhou quais crimes constam no histórico.
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Publicada por: RBSYS