Médica presa por sequestro de bebê volta à cadeia suspeita de homicídio
A médica neurologista Cláudia Soares Alves, suspeita de mandar matar a farmacêutica Renata Bocatto Derani em 2020 teve o pedido de revogação da prisão preventiva negado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) na terça-feira (9). A decisão do desembargador Jaubert Carneiros Jaques negou o pedido feito pela defesa de Cláudia.
Nesta quinta-feira (10), a Polícia Civil concluiu a investigação da morte da farmacêutica. Segundo a Polícia Civil, Cláudia planejou o homicídio junto com um vizinho, apontado como executor.
A investigação concluiu que a médica deu apoio logístico no momento do crime, destruiu provas e ainda falsificou um prontuário médico para tentar criar um álibi. Ela e o vizinho foram presos temporário em novembro de 2025, em Itumbiara (GO), mas novas provas foram apresentadas à Justiça, que converteu a prisão em preventiva, sem prazo determinado.
Ela também é suspeita de sequestrar um bebê no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) em julho de 2024.
O g1 entrou em contato com a defesa de Cláudia, mas não houve retorno até a última atualização da reportagem.
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Soltura negada
No recurso apresentado ao TJMG, a defesa da médica alegou falta de fundamentação na decisão, além de ausência de fatos recentes que justificassem a prisão. Assim, pediu medidas alternativas, como prisão domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica.
No entanto, o desembargador da 6ª Câmara Criminal do TJMG, Jaubert Carneiros Jaques, entendeu que não há ilegalidade na decisão anterior e que as condições pessoais favoráveis não afastam a necessidade da prisão preventiva.
“Isto é, não é possível verificar, em sede liminar, a carência de fundamentação da decisão vergastada e a suposta ausência dos pressupostos e requisitos autorizadores da prisão preventiva, bem como a possibilidade de se aplicar medidas cautelares diversas da prisão”, afirmou na decisão.
De acordo com o TJMG, a medida é necessária para garantir a ordem pública, já que o homicídio foi qualificado e considerado crime hediondo, com pena máxima de 30 anos. A decisão também reconheceu a ausência de residência fixa da suspeita e o risco de fuga, além da possibilidade de ocultação de provas e intimidação de testemunhas.
Cláudia Soares Alves, segue presa na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga.
A decisão negada pelo desembargador, se refere a um pedido liminar, ou seja, de caráter de urgência. No entanto, o habeas corpus ainda será julgado pela 6ª Câmara Criminal.
Entenda o caso
Quem é a médica
A prisão e as novas acusações
O assassinato da farmacêutica
A relação da médica com a vítima
O que falta esclarecer
Quem é a médica
Cláudia Soares Alves, de 42 anos, é a médica suspeita de raptar um bebê em Uberlândia, Minas Gerais,foi presa em Goiás
Reprodução/Redes Sociais
Cláudia Soares Alves é neurologista e ex-professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em 2024, ela foi presa após sequestrar um recém-nascido dentro de uma maternidade da cidade.
Na época, a médica usou documentos falsos para tentar registrar a bebê como filha. Desde março deste ano, respondia aos processos em liberdade e havia sido demitida da UFU.
Segundo a Polícia Civil, Cláudia sempre demonstrou comportamentos obsessivos e apresentava desejo compulsivo de ser mãe de uma menina, embora já tivesse um filho.
Durante coletiva de imprensa em Uberlândia, o delegado Eduardo Leal informou que a médica realizou tratamentos para engravidar, mas não conseguiu. E, após as tentativas frustradas, teria recorrido a adoções irregulares com documentos falsos e até oferecido dinheiro para comprar uma recém-nascida na Bahia.
A prisão e as novas acusações
Médica Cláudia Soares Alves, presa por sequestrar bebê, foi presa novamente em Goiás
Polícia Civil/Divulgação
A médica foi presa em Itumbiara durante uma operação da Polícia Civil de Minas Gerais, em parceria com a Polícia Civil de Goiás.
De acordo com o delegado Eduardo Leal, Cláudia teria planejado o assassinato de Renata para ficar com a filha da vítima. Ainda conforme o delegado, na casa da investigada, a Polícia Civil encontrou um quarto pintado de rosa, com várias roupas de criança pequena, um berço e uma bebê reborn dentro.
"Ela é capaz de tudo para conseguir o seu intento, que seria o de ser mãe de uma criança, de uma menina. Inclusive nessa data, no cumprimento da busca, nós verificamos que ela, na casa dela, possui um quarto todo pintado de rosa, com diversas coisas rosas de uma criança, com berço e como se estivesse dormindo nesse berço. Realmente você vê que é uma pessoa totalmente desequilibrada", disse Leal.
Quarto rosa com bebê reborn na casa de médica presa em Itumbiara, suspeita de mandar matar farmacêutica de Uberlândia
Polícia Civil/Divulgação
O delegado regional da Polícia Civil, Gustavo Anai, destacou que a operação é resultado do trabalho iniciado ainda em 2020, quando surgiram denúncias ligando a médica a outros crimes após o sequestro na maternidade da cidade.
O assassinato da farmacêutica
Renata Bocatto Derani, de 38 anos, foi morta a tiros na manhã de 7 de novembro de 2020, quando chegava para trabalhar em uma farmácia no Bairro Presidente Roosevelt, em Uberlândia.
Câmeras de segurança registraram o momento em que o criminoso se aproximou e fez pelo menos cinco disparos no tórax, pescoço, ombros e nádegas.
Uma testemunha contou que Renata tentou se defender e pediu para não ser morta, mas o homem continuou atirando.
Uma câmera de segurança mostrou o assassino abordando Renata (veja abaixo). Antes de fugir, o autor deixou uma sacola com objetos e uma carta com ofensas à vítima.
Na época, a Polícia Civil não descartou crime passional e ouviu pessoas próximas, incluindo o ex-marido.
Renata deixou a filha de 9 anos.
Além da médica, foram presos temporariamente outros dois suspeitos de participação no assassinato. Eles são pai e filho e seriam vizinhos de Cláudia. Os três foram transferidos para Uberlândia.
As investigações seguem para apurar a participação dos dois suspeitos no crime. A Polícia Civil também vai avaliar a necessidade de prorrogar as prisões temporárias ou convertê-las diretamente em preventivas, com o devido indiciamento dos envolvidos.
A relação da médica com a vítima
As investigações apontam que Cláudia se casou com o ex-marido de Renata, mas o relacionamento durou apenas dois meses.
O homem decidiu se separar ao perceber que a médica apresentava comportamentos obsessivos e demonstrava interesse em assumir a maternidade da filha dele com Renata.
Renata, ao perceber que a médica parecia uma pessoa perigosa e emocionalmente instável, proibiu a filha de manter contato com o pai sempre que ele estivesse na companhia da esposa.
Após a separação, Cláudia teria planejado o homicídio da farmacêutica para retomar o relacionamento e ficar com a menina.
O que falta esclarecer
A Polícia Civil ainda apura se houve pagamento aos executores e se outros crimes cometidos por Cláudia estão relacionados ao homicídio.
O caso segue sob investigação.
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Publicada por: RBSYS