Hotel em que estavam jogadoras de vôlei brasileiras é invadido no Nepal
Um dia depois de ter o hotel em que estava hospedada no Nepal invadido por manifestantes, a sensação de insegurança continua para a jogadora profissional de vôlei Ana Flávia Galvão, de 28 anos. A mineira de Uberlândia segue no país asiático nesta quarta-feira (10) em meio à onda de protestos e ainda não sabe quando poderá retornar ao Brasil. Assista ao vídeo acima.
Desde segunda-feira (8), manifestantes invadiram o complexo do Parlamento nepalês e atearam fogo na sede do Legislativo e em casas de ministros para protestar contra a desigualdade social, a corrupção e o bloqueio de redes sociais.
Até agora, 25 mortes foram confirmadas, e o primeiro-ministro do Nepal, KP Sharma Oli, renunciou ao cargo.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Triângulo no WhatsAp
Contratada por um clube nepalês, Ana Flávia estava no país desde o dia 1º de setembro para participar da uma competição. A jogadora estava hospedada em um hotel em Pokhara, na região oeste do país, junto com as demais companheiras de time - incluindo a também mineira Mayra Souza - quando manifestantes invadiram o prédio.
Ao perceber a movimentação, Ana Flávia e Mayra fugiram do hotel, levando os pertences mais importantes e os documentos. Depois de horas de tensão, elas foram transferidas pelos gestores do clube para outra acomodação, mais distante do foco dos protestos.
"Agora já estamos mais tranquilas, não tem barulho de protesto nem de vandalismo. Mas a tensão se mantém, ontem foi bem assustador", disse Ana Flávia em entrevista ao ge Triângulo.
LEIA TAMBÉM:
Jogadoras brasileiras que tiveram hotel invadido no Nepal não sabem quando voltarão para casa: "Desesperador"
ENTENDA a crise no Nepal
Jogadora relata momentos de tensão no Nepal
Ana Flávia contou que, na tarde de terça-feira (9), se assustou com o barulho da invasão e que decidiu fugir a pé do hotel. Ela e a Mayra não se feriram.
"Estávamos tranquilas no hotel quando percebemos que os manifestantes já haviam colocado fogo em vários veículos do estacionamento e estavam começando a invadir. Eu estava sozinha no meu quarto que era no segundo andar quando ouvi os barulhos. Uma colega de time que também é brasileira [Mayra] veio ao meu quarto e ficamos juntas. Conseguimos fugir por uma área verde que estava próxima do rooftop", contou Ana.
Agora, as brasileiras aguardam uma definição sobre o fim das manifestações para saberem quando poderão retornar para casa.
"O exército assumiu o poder do país, e as orientações por enquanto são para todos se manterem em toque de recolher. Por isso, ainda não sabemos quando vamos poder deixar o Nepal, pois os aeroportos ainda estão fechados e o exército está nas ruas", explicou.
Entenda a crise no Nepal
O Nepal presenciou, entre segunda-feira (8) e terça-feira (9), uma fulminante revolta da "Geração Z" contra o governo, motivada pelo contraste entre a ostentação de políticos e a pobreza da população. O bloqueio de redes sociais foi visto como a gota d'água para uma revolta sem precedentes no país.
Jovens tiram selfie com o palácio do governo do Nepal em chamas ao fundo, em 9 de setembro de 2025
AP Photo/Niranjan Shrestha
A desigualdade social é um dos principais pontos de descontentamento dos jovens nepaleses que levaram milhares de pessoas às ruas. Os manifestantes vinham conduzindo uma campanha online havia três meses para expor o contraste entre a vida dos políticos e a das pessoas comuns.
A situação se agravou ainda mais após o bloqueio do acesso a redes sociais, como Instagram e Facebook, por parte do governo local, que apontou a disseminação de fake news e a falta de cooperação das big techs com a Justiça como motivos para o banimento.
Após o anúncio, a tensão chegou ao limite. Durante as manifestações, prédios governamentais e casas de ministros foram incendiados, e autoridades políticas foram arrastadas para as ruas e agredidas. Até agora, 25 mortes foram confirmadas, e o primeiro-ministro, KP Sharma Oli, renunciou ao cargo.
Perfil do Nepal
Juan Silva/g1
Ana Flávia Galvão, jogadora de vôlei no Nepal
Redes sociais
Manifestantes correm em meio a chamas no complexo do Parlamento nepalês durante um protesto em Catmandu, no Nepal, em 9 de setembro de 2025.
Prabin Ranabhat/AFP
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas
Publicada por: RBSYS