Uberaba terá lavoura experimental de cacau após acordo entre Fazu e Sindicato Rural
Uberaba pode entrar, em breve, na rota do cacau brasileiro a partir da assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e o Sindicato dos Produtores Rurais, em outubro. A parceria marca o início de um projeto que para adaptar a cultura do cacau ao solo e clima do Cerrado mineiro, com foco em pesquisa, inovação e geração de oportunidades locais.
A Fazenda Escola da Fazu será o ponto de partida da iniciativa. No local, será implantado um campo de demonstração para coleta de dados sobre o cultivo do cacau a pleno sol. O modelo já foi validado em outras regiões do país, como o oeste da Bahia, no Cerrado nordestino.
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Segundo o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Vinícius Rodrigues, o projeto quer mostrar que o cacau pode ser cultivado na região, fora das áreas tradicionais como Bahia, Rondônia e Pará, onde a cultura é feita sob sombra e em regiões úmidas.
“Vamos demonstrar que o cacau pode ser produzido com alta produtividade e viabilidade econômica em áreas de Cerrado. Já temos bons resultados em regiões mais desafiadoras do que o Triângulo Mineiro”, afirmou.
Rodrigues também destacou que o clima do Cerrado, com estações bem definidas, favorece o controle de doenças fúngicas como a vassoura-de-bruxa, que afeta lavouras em áreas mais úmidas.
???? A vassoura-de-bruxa é uma doença fúngica que afeta diferentes plantações, incluindo o cacau, deformando os ramos, frutos e folhas. O controle envolve poda, uso de fungicidas e medidas de quarentena para evitar a disseminação em demais plantios.
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Mão na terra e pesquisa em campo
Segundo o doutor em Produção Vegetal e responsável técnico pelo projeto na Fazu, Vinícius Filla, os alunos terão participação ativa na iniciativa.
“Eles vão atuar em projetos de extensão e em atividades práticas nas disciplinas do curso de Engenharia Agronômica. Será uma oportunidade de conhecer práticas de implantação envolvendo preparo do solo, uso de plantas de cobertura, transplantio, podas, adubação, controle fitossanitário e posteriormente de colheita e pós-colheita”, disse.
Entre os principais desafios para adaptar o cacau ao Cerrado estão a necessidade de irrigação, ajustes na adubação e escolha de plantas melhoradas geneticamente adaptadas. A Fazenda Escola contará com sistema de irrigação por gotejamento e manejo nutricional planejado.
Durante o plantio experimental, serão monitorados dados como desenvolvimento das plantas, resposta a pragas e doenças, desempenho agronômico, custos e retorno econômico. A expectativa de produtividade gira entre 1.500 e 3.000 kg de amêndoas secas por hectare, podendo ultrapassar 4.000 kg/ha.
Uberaba aposta no cultivo de cacau e mira nova fronteira agrícola no Cerrado
Fazu/Reprodução
Dados que podem transformar o campo
O projeto não será apenas acadêmico. Segundo o sindicato, se trata de uma unidade demonstrativa voltada à geração de dados reais para os produtores rurais da região.
“O objetivo é mostrar o potencial produtivo, de renda e de valorização da propriedade. É uma cultura lucrativa e que pode trazer dignidade ao produtor”, disse Rodrigues.
Além de ampliar as possibilidades de cultivo no Triângulo Mineiro, o projeto mira a geração de emprego, renda e atração de investimentos. A médio prazo, a expectativa é que Uberaba entre na cadeia produtiva do cacau, como o comércio de amêndoas, processamento e produção de derivados.
“O horizonte que se abre com esse projeto é muito extenso”, concluiu Rodrigues.
Cacau plantado
Rafael Peixoto / g1
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Publicada por: RBSYS